A coincidência de datas dos jogos do torneio mundial de futebol com as festas juninas em 2010 tornam promissor o cenário para os fabricantes de produtos de amendoim. Neste ano, a previsão da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) é que o setor de amendoim atinja R$ 1,5 bilhões de faturamento, com incremento de 15% sobre 2009, quando a receita foi de R$ 1,3 bilhões.
Tradicionalmente, as vendas de doces e aperitivos salgados à base de amendoim durante os meses de maio, junho e julho representam 28% do movimento das indústrias desse setor durante o ano. Em 2010, com o estímulo da Copa do Mundo, os jogos e as comemorações deverão elevar a venda de snacks salgados em 50%. Para atender a essa demanda, as indústrias aumentarão em 60% a produção de snacks de amendoim e em 40% a fabricação de doces à base da oleaginosa. “O amendoim é um dos snacks preferidos quando se trata de eventos festivos, além de ser um produto acessível a todas as classes sociais”, afirma Renato Fechino, vice-presidente do setor de amendoim da Abicab.
Estoque de grãos
A indústria terá condições de aumentar a produção de snacks e doces de amendoim, pois há oferta de grãos no mercado, devido à sobra de estoque da colheita passada. Existe amendoim disponível para o aumento da oferta, mesmo com a redução de 16,8% de área plantada e com a expectativa de quebra da ordem de 50 mil toneladas sobre a colheita de 300 mil toneladas em 2009. A safra menor é tida como consequência de dois fatores: o atraso na colheita na cana-de-açúcar e o baixo preço da saca de amendoim na última safra.
No fim dos anos 60, o Brasil produzia em média de 1.400 mil toneladas de amendoim, o que garantia o consumo interno. Com a entrada da cultura da soja para a produção de óleo comestível, o cultivo do amendoim foi desbancado e perdeu parte da sua importância. Na década de 90, foram registradas com (tirar) safras de apenas 90 mil toneladas quando o País passou a importar a oleaginosa. A partir de 2000, porém, com o aumento da produção local de amendoim, as grandes multinacionais voltaram a incluir o vegetal como ingrediente em seus produtos. Desse modo, em 2009 a produção chegou a 300 mil toneladas, sendo que o maior produtor é o Estado de São Paulo, com 75%.
Outro motivo de otimismo é que as exportações também vêm evoluindo a cada ano. Em 2009, o volume de produtos industrializados exportados à base de amendoim foi de 2.819 toneladas, gerando uma receita de US$ 86 milhões. Para 2010, espera-se que o valor cresça para US$ 107 milhões. A estimativa para este ano é de que a exportação de amendoim em grãos atinja 60 mil toneladas, e a de óleo de amendoim chegue a 35 mil toneladas. Os produtos brasileiros mais apreciados no exterior são o pé-de-moleque, a paçoca, amendoins temperados e confeitados.
Qualidade atestada
“Este é um setor que está realizando um trabalho formidável, pois em nove anos conseguiu certificar suas indústrias e tornar os produtos industrializados à base de amendoim seguros e confiáveis. Trata-se de uma nova riqueza com condições de expandir ainda mais o consumo interno e abrir novos mercados no exterior”, afirma Getulio Ursulino Neto, presidente da Abicab.
Outra contribuição do setor de amendoim ocorre na geração de empregos. Em 2009, foram criados 1.000 novos postos de trabalho, e a expectativa para 2010 é de que haja a criação de 1.500 novas vagas, totalizando 17.500 empregos no setor. Estima-se que somente na indústria sejam criados mais de 2.500 postos temporários no período de abril a julho de 2010. Na ponta do varejo, estima-se que as lojas irão absorver mais de 500 empregados temporários durante as promoções deste ano.
Fabricantes organizados para aprimorar a qualidade
Coletiva com a imprensa na Abicab: setor de amendoim prevê aumento de vendas de 15% entre maio e julho |