Exportação de itens alimentícios para a Argentina poderá sofrer restrições

Fiesp e Abicab reagem contra a possível suspensão de importação a partir de 1º de junho pelo país vizinho

ABICAB reunida com a área de Comércio Exterior da FIESP: setor industrial analisa as barreiras de exportação para a Argentina
Abicab reunida com a área de Comércio Exterior
da Fiesp: setor industrial analisa  
as barreiras de exportação para a Argentina           
A Argentina poderá proibir as importações de alimentos processados que tenham fabricação similar local, a partir de 1º de junho de 2010. O governo argentino ainda não oficializou essa decisão, porém, a imprensa divulgou reunião do Secretário de Comércio da Argentina, Guillermo Moreno, com supermercadistas e importadores daquele país, quando foram informados dessa possibilidade.

Em nota oficial, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) manifestou-se contra a utilização de medidas protecionistas arbitrárias e defende o comércio justo e leal. Segundo Paulo Skaf, presidente da entidade, "Argentina e Brasil são parceiros estratégicos no continente sul-americano e, portanto, suas relações comerciais devem respeitar um clima bilateral harmônico. Esperamos que não se concretize essa intenção do governo argentino que, até o momento, embora ainda não oficializada, já está causando prejuízos.

A Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados  (Abicab) e a Fiesp já transmitiram  ao governo brasileiro sua preocupação e a intenção de se mobilizarem contra a medida, pois entre os produtos mais afetados pela proibição estão o cacau e o chocolate, além de café, chá e preparações alimentícias diversas, entre outros. O Brasil fornece 82% do cacau e 74% do café e do chá importados pelos argentinos.

No primeiro trimestre de 2010, a Argentina importou US$ 81 milhões em alimentos processados brasileiros, quase a metade do total adquirido no mundo; em contrapartida, vendeu US$ 190 milhões para o Brasil.  A importação de produtos alimentícios de todo o mundo representa apenas 1,6% do total das importações da Argentina. No entanto, 45% deles são provenientes do Brasil.

O Ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que, se a restrição for efetivada, caberá discussão em fórum do Mercosul. Por sua vez, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, declarou que o Brasil poderá retaliar com restrições semelhantes caso a medida venha realmente a ser adotada pelo governo argentino.