Commodities em alta

Contratos futuros nas bolsas internacionais projetam forte aumento nos preços do cacau e do milho

Os preços do cacau e do milho, dois importantes insumos utilizados pela indústria alimentícia, registram forte elevação. O aumento do preço do cacau é atribuído à decisão política do presidente recém-eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, que suspendeu por 30 dias as exportações do produto.

Na condição de maior produtor mundial de cacau, a situação na Costa do Marfim determinou que os contratos futuros da commodity disparassem nas bolsas internacionais. Os papéis para maio subiram US$ 109 por tonelada, na bolsa de Nova York, atingindo o preço de US$ 3.282. Em Londres, o preço do cacau também teve forte valorização (47 libras) e fechou a 2.161 libras por tonelada. 

Desde o início de dezembro de 2010 as cotações subiram 19%, sendo que a curva de alta se acentuou em janeiro, no período após a eleição de uma das mais acirradas disputas políticas da Costa do Marfim.  

No mercado brasileiro, os preços também reagiram com força e saltaram da média de R$ 82,66 para  R$ 85,33, na região de Ilhéus e Itabuna (BA). Segundo informações prestadas ao jornal Valor Econômico, o analista Thomas Hartmann  acredita que os  efeitos da medida na Costa do Marfim irão acarretar impactos apenas temporários, a começar pelo fato de a suspensão valer por 30 dias. Como a restrição se refere a novos volumes, não deverá afetar as exportações já registradas, cujo volume está estimado entre 100 mil a 300 mil toneladas de amêndoas. 

No Brasil, os preços estão subindo, seguindo a alta internacional, mas existem poucos negócios em fase de conclusão. Em 2010, a principal fornecedora externa da amêndoa de cacau para o Brasil foi a Indonésia, com 33,7 mil toneladas, seguida pela Costa do Marfim, com 14,2 mil toneladas.

Milho
Os preços do milho, por sua vez, subiram bastante ao longo do último ano aqui no Brasil, onde  atingiram o seu maior patamar no fim de janeiro de 2011. O aumento foi de 63,5% em 12 meses. 

A causa da alta excessiva está sendo atribuída ao atraso na colheita, à forte demanda e a problemas  na oferta de milho no exterior. Segundo a consultoria em agronegócios Safra & Mercado, a valorização alcança 66% na região de Campinas (SP), onde a saca do cereal saiu do intervalo de R$ 19,30 a R$ 19,50, há um ano, para R$ 32 a R$ 32,50, atualmente. 

Matéria publicada no jornal Valor Econômico informa que há escassez de milho no Paraná e em São Paulo. A colheita da safra de verão está apenas se iniciando, e há atraso nos trabalhos no campo por causa das chuvas nas regiões de produção de São Paulo e Minas Gerais.

Na avaliação da consultoria, o quadro de preços elevados em relação a 2010 deve permanecer até que grandes volumes da nova safra entrem no mercado. 

O cenário doméstico está sendo influenciado também pelo mercado internacional do milho, no qual os preços já subiram 77,10% em 12 meses. A causa é a demanda por milho por parte da indústria americana de etanol (álcool). 

Também contribui a forte queda nos estoques de milho, estimados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (Usda). A última previsão mostra que o estoque de milho nos EUA deve ficar em 18,92 milhões de toneladas na safra 2010/11, bem abaixo dos 43,38 milhões do ciclo anterior.

A quebra na safra de milho na Argentina, o segundo maior exportador mundial do grão, também contribui para a elevação do preço do cereal. Outro fator que sustenta a alta é a grande demanda por parte da China.  

Para os estoques mundiais, a estimativa é de 127 milhões de toneladas em 2011, ante 147 milhões em 2009/10. 

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