Redução nas safras de milho e a suspensão da exportação do cacau originário da Costa do Marfim pressionam os aumentos
Os preços internacionais do cacau continuam em alta, graças à crise política na Costa do Marfim, o maior fornecedor da amêndoa, que responde por 40% da produção mundial. A expectativa de que renuncie o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, que perdeu as eleições, mas se recusa a deixar o cargo, elevou os preços do cacau na Bolsa de Nova York.
O contrato de março subiu 2,52%, valendo US$ 3.178 por tonelada, o maior preço desde agosto de 2010. O contrato futuro para maio, por sua vez, subiu 2%, indo para US$ 3.011 por tonelada.
Enquanto a situação política interna não se resolve, as exportações continuam suspensas, o que valoriza os preços do cacau. O presidente eleito, Alassane Ouattara, mandou suspender as exportações em 24 de janeiro, num esforço para reduzir os recursos de Gbagbo.
A União Europeia proibiu navios do bloco de trazer cacau dos dois principais portos da Costa do Marfim. Por isso, já falta cacau no mercado, e a Barry Callebaut, maior fabricante de chocolate do mundo, informou ter intensificado a busca pela amêndoa em outros países. A produção da empresa também foi desviada da Costa do Marfim para outras nações como Brasil e Camarões.
Atualmente, a Costa do Marfim se prepara para exportar 450 mil toneladas, e qualquer atitude oficial sobre a suspensão dessas vendas deve influenciar o mercado. Estimativas divulgadas pela Organização Internacional do Cacau (OIC ) indicam que a safra mundial do fruto deve subir para 3,94 milhões de toneladas em 2011.
Se confirmado esse volume, a alta da produção será de 8%, o que ajudará a elevar os estoques mundiais para 119 mil toneladas. Na safra 2009/10 houve déficit de 66 mil toneladas entre oferta e demanda. A safra da Costa do Marfim deve alcançar 1,24 milhão de toneladas, volume inalterado em relação a 2008/9. O Brasil ocupa a sexta posição na produção mundial na safra 2009/10, com 161 mil toneladas, de acordo com a OIC.
A preocupação do mercado é que a intensificação da guerrilha no país, além de dificultar o transporte do produto, prejudique a produtividade na próxima safra. O cenário fica ainda mais complicado, uma vez que o clima não se mostra tão favorável como na safra atual.
Outra commodity em alta é o milho. Na Bolsa de Chicago, as cotações do milho voltaram a disparar, por causa da queda de 15% nos estoques dos Estados Unidos. O contrato em março subiu 1,99%, indo para US$ 6,54 por bushel.
O contrato futuro para maio, por sua vez, subiu 6,17%, indo para US$ 7,36 por bushel. O recuo no volume de grão armazenado no país mostrou que mesmo os altos preços do milho não estão reduzindo a demanda. As cotações acumulam alta de 85% em 12 meses.
Na Argentina, um dos maiores produtores do grão, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu em 850 mil toneladas a estimativa para produção do país. Prejudicada pela estiagem, a safra deve somar 19,5 milhões de toneladas.
Mais informações nos links:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110402/not_imp700685,0.php
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110121/not_imp669078,0.php
http://colunas.globorural.globo.com/planetaagro/2011/04/06/crise-politica-eleva-preco-do-cacau/